quinta-feira, 23 de junho de 2011

J. I. Norte - Eu, em jeito de despedida...


É tempo de um merecido descanso, mas ainda faltam muitos papéis e reuniões!... Como diz o Pinto, "papéis são trabalho, estar com as crianças um hobby"...
Peço desculpa por qualquer atitude menos correcta, mas a tempo inteiro, as crianças são um fim e não um meio de auto-promoção ou valorização pessoal... Nada tenho a provar e, os constrangimentos, criam-me sentimentos de impotência angustiantes, porque pretendia o melhor para as crianças, não só a curto, mas a médio e longo prazo...
Pensando em Froebel, pai dos jardins de infância, divagando pela inteligência de Piaget, curtindo a eficácia de Vygotsky, sondando os abismos de Freud, sonho com o Jardim de Infância que idealizei no ano anterior e em todos os anos de educadora... Um Jardim de Infância com condições para um desenvolvimento natural e harmonioso... Um Jardim onde cada um tenha canteiros de segurança e confiança; flores de todas as cores e cheiros para interiorizar e exteriorizar; sons, cantos e ritmos melodiosos, gritantes, desconcertantes, conhecidos e desconhecidos; um sol enorme que convide ao riso, à partilha, prazer de descobrir, brincar e imaginar; chuva regeneradora que leve ao aconchego, ao diálogo, ao pensar em vários tons; brisas ondulando bem-estar e ventos sacudindo birras, choros e amuos; ervas daninhas insinuando a restrição do mal e o cultivo do bem; nuvens brancas e fofas como algodão que nos arrastem em afectos para o mundo dos sonhos... Um Jardim onde todos e cada um possa sair e voltar, sem obrigações, nem imposições... Um Jardim de verdes convidativos sombreando identidades e interioridades, com bancos de segredos mágicos que só a Infância conhece, decifra e multiplica...

"Quando olho uma criança, sinto duas coisas distintas: ternura pelo que é e respeito pelo que poderá vir a ser"- Victor Hugo


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